Sérgio Mesquita
Enfermeiro
A história do Ser Livre começa em 2012, quando ainda era enfermeiro e trabalhava em dois hospitais na zona de Lisboa. Trabalhava cerca de 62h semanais, inúmeras vezes trabalhei 16h por dia, em turnos (manhã-tarde, tarde-noite).
Quando comecei a trabalhar após ter terminado o curso em 2010 na Universidade Católica, trabalhar em duplo era uma sensação de realização fantástica, fazia o que gostava e como trabalhava em dois lados, ganhava acima da média, sentia-me feliz e realizado. Mas após dois anos, houve um acontecimento que fez com que esse sentimento de felicidade e realização desaparecesse.
Os meus avós começaram a ter problemas de saúde e começaram a precisar de apoio constante para as actividades do dia-a-dia. Sendo a única pessoa na família com formação em saúde, supostamente seria a pessoa indicada para cuidar deles, assim como, foi também para poder cuidar deles e da minha família, que escolhi enfermagem e ser enfermeiro. Mas enquanto eles precisavam de mim, eu estava no hospital a trabalhar, turno após turno, dia após dia, fim-de-semana após fim-de-semana, sem parar. Tendo a minha mãe e a minha tia, que cuidar dos meus avós pois, tinham mais tempo livre do que eu.
Um sentimento de insatisfação e de estar a falhar para com eles, começou a acumular-se. Colocá-los num lar estava fora de questão. Até que um dia, após ter tido um mês em que trabalhei mais de 300h, chegou o recibo do meu vencimento, quando olhei para o valor, senti raiva, falta de reconhecimento, frustração e um sentimento de falhanço que me deixou agoniado. Tinha trabalhado literalmente como um animal e, aquele valor não refletia de todo, tudo o que tinha dado e não compensava, nem por um instante, o facto de não poder ter dado apoio aos meus avós. Pela primeira vez senti, que a minha vida iria ser pior, do que aquela que os meus pais tiveram.
Então nesse mês de Janeiro de 2012, nesse mesmo dia, decidi que ia mudar a minha vida. Para mudar a minha vida, tinha que fazer algo diferente, não podia continuar a trabalhar tantas horas, nem em enfermagem pois, tinha chegado à conclusão que a profissão, não me iria dar o tempo, nem a qualidade de vida que precisava e sonhava, para poder apoiar os meus avós e estar com eles sempre que precisassem.
No dia a seguir a ter tomado essa decisão, fui à Católica Business School, porque sabia que os gestores de empresas, tinham uma vida mais confortável financeiramente e além disso, nos testes psicoténicos, gestão era a minha segunda área, após saúde. Como tinha terminado o curso de enfermagem na Católica, podia também ter alguma facilidade no acesso ao curso. Após pesquisar e falar com algumas pessoas que tinham frequentado o curso, rapidamente me apercebi que financeiramente era uma actividade mais proveitosa, mas em termos de tempo e disponibilidade, era praticamente idêntico a ser enfermeiro.
Nesse momento, apercebi-me que para ter a qualidade de vida que precisava para cuidar dos meus avós, era necessário algo, que me desse um equilíbrio entre tempo e dinheiro. Após pesquisar e ler, cheguei à conclusão que um emprego nunca me iria dar esse equilíbrio. Era necessário empreender e ter o meu próprio projecto.
Fiquei super entusiasmado com a ideia de ser empresário, ainda para mais, nesta altura em inícios de 2012, começava a ver os primeiros episódios do Shark Tank e, a cada episódio que assistia, ficava mais entusiasmado com a ideia de ser empreendedor, ganhar roaylties, fazer negócios e ter a tão almejada liberdade.
A realidade chegou pouco tempo depois. Não tinha ideias inovadoras, não tinha conhecimentos na área do empreendedorismo e o capital que tinha para arrancar com qualquer ideia, era insuficiente.
Passou o mês de Janeiro, Fevereiro e comecei a resignar-me com a ideia de que esse sonho de liberdade nunca iria chegar. Teria que continuar a trabalhar e no pouco tempo que ainda me sobrava, ajudar os meus avós.
Até que no mês de Março, a oportunidade que procurava e que mudou a minha vida, chegou. O meu amigo Paulo Pato, que era dono de um ginásio, convidou-me para um café, com o objectivo de me propor uma parceria, num novo projecto que estava a começar. Aceitei de imediato. A proposta consistia em ser sócio dele, num projecto inovador de Eco-Empreendedorismo Colaborativo. Inicialmente não compreendi o projecto a 100%, mas os conceitos agradavam-me: ambientalmente responsável, boa perspectiva de ganhos, royalties, equilíbrio entre tempo e dinheiro e baixo investimento.
Levei alguma informação para ler em casa e após ler, estava decidido a avançar, não via risco, confiava a 100% no Paulo e pareceu-me uma grande oportunidade. Com todo o entusiasmo, contei aos meus pais que iria começar um negócio. A reacção deles, não foi de todo a que esperava. Disseram-me que não estava bem da cabeça, tinha perdido o juízo, que tinhas dois trabalhos, quando muitos estavam desempregados, que não percebia nada de negócios e que me estava a meter num esquema.
Admito que as palavras “encorajadoras” deles, me fizeram duvidar se estava a tomar a decisão correcta. Por sorte, lembrei-me de um documentário que tinha visto sobre o Bill Gates, no qual ele afirmava que testava as ideias que tinha, quando estava na faculdade com um professor e com os pais. Se achassem que a ideia era boa desistia pois, se eles achavam a ideia interessante, era porque não era inovadora o suficiente. Se achavam a ideia uma loucura, então era inovadora.
Mantive a minha decisão e foi a melhor decisão que tomei na minha vida. Passado sensivelmente 1 ano, estava 100% dedicado ao projecto e reformei-me da enfermagem com 25 anos. Passado 1 ano e com os conhecimentos que adquiri no desenvolvimento do projecto, através das pessoas que passei a contactar (os meus mentores), dos livros que li e das formações a que assisti, consegui gerar várias fontes de rendimento, que me permitam deixar a enfermagem e poder trabalhar quando e onde quisesse. Assim em 2013, estive todos os dias com os meus avós e, estive sempre disponível para o que precisassem, ambos faleceram no final desse ano, mas tinha realizado o meu objectivo, de poder estar com eles sempre que fosse preciso e cuidar deles, quando mais precisaram.
Em 2016 a vida colocou-me outro obstáculo. Detectaram um cancro no pâncreas ao meu pai. Deram-lhe poucos meses de vida, mas agora as circunstâncias eram diferentes e eu também estava diferente, a formação adquirida no projecto transformou-me. Tinha tempo e tinha rendimentos suficientes para o que fosse necessário. Através de contactos de médicos e colegas empresários, consegui que o meu pai tive acesso a tratamentos que não só mantiveram a sua qualidade de vida a 100% como sobreviveu 2 anos, passando em muito a esperança média de vida para o problema que teve, sem nunca ter feito quimio ou radioterapia. Faleceu em finais de 2018, tendo estado sempre em casa, com o meu apoio diário e com qualidade de vida.
Agora o meu objectivo é ajudar todas as pessoas que consiga e queiram, a desfrutar de uma vida tranquila com tempo de qualidade com as pessoas que mais gostam. A viajar, a desfrutar a cuidar, seja de que maneira for, mas com liberdade, sem horários, com tempo e dinheiro, sem preocupações.
“Tu Podes Realizar o teu sonho.“